Os Viajantes Malucos, foi criado para a infância estreando na Tenda do Chapitô logo a 29 de Junho de 1996. Neste espectáculo, dois clowns e um músico (José Carlos Garcia, Andreas Piper e Rui Rebelo) encontravam-se num cais para viajar pelo mar. Numa das primeiras cenas, um dos clowns saía de dentro de uma arca e dava um murro no nariz do outro clown que a abria. O nariz esmurrado foi o simples pretexto para a utilização do tradicional nariz vermelho. Este momento lançava assim uma premissa dramatúrgica fundamental e imperecível para a Companhia: a essencialidade e a justificação narrativa de cada gesto e de cada adereço.
Com um tema unificador simples e vasto, o mar, este primeiro espectáculo possibilitou a experimentação de várias situações que uniam o malabarismo, o clown e a acrobacia ao teatro e à música.
Embora o trabalho vocal e físico fosse ainda muito próximo da tradição circense, encontrou-se nesta experiência, conscientemente ou não, uma linguagem teatral que se desenvolveria no percurso da Companhia: as múltiplas utilizações de um mesmo objecto para a ilustração dos imaginários narrativos. Neste espectáculo o objecto principal, um cobertor azul, representava o mar, mas também um avião. Revelou-se imediatamente um universo cénico coeso, embora ainda embrionário e experimental. uma primeira abordagem ao circo no teatro privilegiando-se a técnica clownesca, emblemática do Chapitô, que mais tarde viria a ser reformulada e maturada por John Mowat.
A primeira viagem internacional da Companhia foi justamente com Os Viajantes Malucos. O elenco foi ao Teatro D. Pedro V, em Macau, em Setembro desse mesmo ano, a convite da Fundação Oriente. O percurso itinerante começava pelo longínquo oriente sendo já um prenúncio aos milhares de quilómetros que a Companhia viria a percorrer.