A Tempestade

2009
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É uma história de magia, monstros e espíritos numa ilha encantada num mar distante. Conta o que aconteceu nesse mundo de sonho, quando a inocência, o amor, o medo, a malvadez e a vingança entram em choque sob o poder de um grande mágico.
Uma parte significativa de “A Tempestade” depende, surpreendentemente, do não dito Transbordante de sentidos e essencialmente de natureza não-verbal, fixa-se em torno de uma série de quadros visuais e imagens a partir dos quais muitas das qualidades fundamentais do diálogo parecem emergir. A acção da peça é em si poética e mesmo as cenas cómicas são fortemente independentes da linguagem. Os hábeis jogos de palavras usados por Shakespeare, foram sempre marcantes na construção dos seus personagens cómicos, mas em A Tempestade são sobretudo os imemoriais e silenciosos padrões de pantomina que ressaltam. Provavelmente, mais do que em qualquer outra obra, os actores poderiam transmitir muito da natureza essencial deste drama em silêncio. Por vezes desconcertante, face á variedade de interpretações conflituosas que permite, “A Tempestade” gera momentos que clamam por uma explicação; muitos dos seus enigmas permanecem por revelar. A sua complexidade parece residir neste jogo onde, manifestamente, se esconde tanto, quanto o que se anuncia, é no entanto um trabalho extremamente generoso, oferecendo-se a quase qualquer tipo de significados que lhe sejam impostos.
Tal como a unidade de tempo, a unidade de espaço é essencialmente mágica. Todas as personagens desta peça estão reunidas na ilha em pequenos grupos, separados uns dos outros de uma forma totalmente arbitrária. Todos eles foram levados para ilha por Prospero, e encontram-se totalmente à mercê da sua vontade. Tudo o que acontece a partir do naufrágio até à cena final está sob o seu domínio. É próspero que magicamente controla a unidade de acção, como um dramaturgo, que se prende na teia de ilusões que ele próprio teceu.
“A Tempestade” terá eventualmente sido a última peça completa que Shakespeare escreveu.
Foi apresentada à família real no dia de todos os Santos em 1611, e novamente no Inverno seguinte. Toda a especulação em torno do silêncio do autor, nos seus últimos anos, foi sempre inconclusiva, no entanto poder-se-ia dizer que “A Tempestade” terá sido a sua última peça, porque Shakespeare terá atingido aí um ponto para além do qual não poderia haver mais nenhuma evolução dramática.
A peça mais visual de William Shakespeare.

 

  • Nomeada para Peça do Ano na 2ª edição dos Monstros do Ano – 2010

Créditos

Criação Colectiva

Encenação: John Mowat

Assistente de Encenação. José Garcia

Interpretação: Jorge Cruz, Marta Cerqueira, Tiago Viegas

Sonoplastia: Tiago Cerqueira, Produção Tânia Melo Rodrigues

Consultora de Texto: Carole Garton

Textos programa Patrícia Maio

Assessoria de Imprensa Sofia Lourenço

Design Gráfico Pedro Bacelar, Sílvia Rosado

Fotografia Filipe Saraiva, Sílvia Rosado, Simão Anahory

Desenho de Luz Jochen Pastermacki, Luís Moreira e Paulo Cunha

Críticas

  • "Três actores encarnam todas as personagens num palco vazio. Transformação é o seu modo de expressão dominante, e eles usam apenas um pano preto e o livro mágico vermelho de Prospero como adereços. Principalmente no início é vertiginoso ver o modo inteligente, exacto e divertido em como passam de papel para papel, de história para interpretação, de situação para situação. O público é uma parte integrante importante na actuação, sem ser atacado ou compelido a participar activamente. " Novembro 2009

    "Teatro mágico é também o que o ensemble de teatro português Chapitô mostra com a Tempestade até quinta-feira no Stadsteater de Estocolmo. O mesmo palco vazio de Brook, três actores, um pano preto e o livro mágico de Prospero é tudo que é necessário para esta peca de Shakespeare em inglês. O resto, que aqui é o principal, é corpo, mímica, gesto, voz e muita comédia. Muito rapidamente e completamente visível os actores mudam de papel com uma careta ou de cena com um gesto, tanto lutam uns com os outros como consigo próprios e a brincar apresentam os conflitos e temas da peca." Novembro 2009

    "Isto é arte de imagem e movimento envolto numa história que não é necessário conhecer para poder entender." Novembro 2009

    Vários
    Imprensa Sueca
  • "… Pantomina é pois a palavra-chave, a técnica por detrás do trabalho de John Mowat, a ferramenta que amplia a comédia sem descurar o conteúdo poético e o desenvolvimento dramático da obra. Este elemento, que torna a sua direcção uma abordagem original e ousada, permite aos actores explorarem os seus corpos, as suas limitações e as suas potencialidades como instrumentos narrativos, mostrando-se exemplares na representação das ambiguidades desta comédia visual, criando as palavras que não dizem em atraentes e arrebatadores movimentos que um pano preto e um livro completam como uma coreografia de sentimentos"

    Rui Monteiro
    Time Out Lisboa
  • "… O teatro é aqui um gesto, um olhar, um objecto que se transforma noutro. Num registo minimalista, tudo parte de um cenário feito de um pedaço de tecido, um livro, roupas de uso comum e alguns outros objectos. A música composta por Tiago Cerqueira é fundamental na encenação, e passa por múltiplos registos: serve a narrativa nãos sendo uma “ilustração literal” da história."

    Gisela Pissarra
    Revista NS – Diário de Noticias
  • "…A “peça mais visual de Shakespeare”, faz a equipa sentir-se como peixe nas águas da comédia visual."

    Rosário Anselmo
    Visão